Espetáculo ‘Auto da Barca do Fisco’ completa 20 anos com o mesmo vigor

Entre apoiadores e público fiel, integrantes do grupo de atores celebraram no Teatro Calil Haddad a mesma resiliência e bom humor que perduram desde o começo dos anos 2000

A noite do último dia (13) de novembro foi mais que especial para os integrantes do elenco da peça de teatro ‘O Auto da Barca do Fisco’, que reuniu centenas de pessoas para comemorar as duas décadas de existência. A peça é um projeto de extensão do Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI/UEM), uma parceria com as Receitas Federal e Estadual. Associação dos Amigos do MUDI (AMUDI), Observatório Social de Maringá (OSM) e Sociedade Eticamente Responsável de Maringá (SER) e satiriza a corrupção no Brasil.

Nascido e criado em 2003 no campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a partir do texto do professor titular do departamento de Ciências Morfológicas, Marcílio Hubner de Miranda Neto, o espetáculo retrata a inquietação do autor com a corrupção e o desperdício do dinheiro público. Fiel à primeira versão, que vem sendo atualizada desde então, a ideia é despertar nos espectadores uma reflexão sobre temas como educação fiscal e controle social de gastos públicos.

(Foto/Silvia Calciolari)

O roteiro prevê o juízo final para passageiros de um avião que cai e mata todos, inclusive uma pessoa que estava em solo. A juíza é a arcanja Miguela, os veredictos definem quem vai para o inferno com o Lúcifer, o Anjo Caído, ou para o céu com o arcanjo Rafael, a partir das vivências em vida. Toda a cena se dá em torno dos sete passageiros que têm as suas vidas julgadas e recebem o destino final e eterno.

A peça é resultado de uma mistura entre o ‘Auto da Barca do Inferno’, peça do teatro medieval escrita por Gil Vicente, autor que viveu em Portugal entre 1470 e 1536, e o ‘Auto da Compadecida’ de Ariano Suassuna. São quase 400 apresentações com mais de 180 mil pessoas alcançadas e versões em diversas cidades e até em outros países.

(Foto/Silvia Calciolari)

Em 2019, o projeto de extensão da UEM concorreu com outros 333 projetos desta natureza em todo o país, ficando em primeiro lugar no Prêmio Nacional de Educação Fiscal na categoria Instituições. A premiação é uma iniciativa da Federação Brasileira das Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (FEBRAFITE).

As boas-vindas aos presentes ao espetáculo comemorativo foram dadas pelo ator Marcelo Henrique Galdioli, que há 20 anos integra o grupo. Caracterizado como Lúcifer, Marcelo agradeceu os presentes e explicou o que o faz continuar a atuar com a mesma alegria e potência.

“Gratidão a cada um de vocês que se dedicaram e se dedicam tempo, paciência e talento em prol da construção de uma sociedade melhor. Eu sempre penso, talvez eu não veja uma sociedade melhor para mim, mas eu deixo um legado para as novas gerações, quem sabe meus filhos, quem sabe meus netos, mas nós estamos fazendo a nossa parte da maneira que nós conseguimos”, acredita.
Marcelo enfatiza que a peça é uma obra viva e em constante mutação. “Cada apresentação é única e sempre há rodízio de personagens, já que somos todos voluntários e o texto está sempre sendo atualizado. Dependendo do feedback do público, a gente vai improvisando”, revela.

(Foto/Silvia Calciolari)

A montagem do texto ‘Auto da Barca do Fisco’ pretende, por meio de uma linguagem direta, alcançar uma reflexão que atinge os mais variados lugares, situações e faixas etárias, para motivar a discussão de propostas para a educação fiscal em todo o estado do Paraná.

Com humor, muitos cacos, como se chamam os improvisos em cena, um tema tão árido e difícil para muitas pessoas acaba chegando a cada pessoa a partir dos relatos de vida de cada uma das personagens e suas práticas sociais e econômicas nada éticas em vida.

(Foto/Silvia Calciolari)

Apoiadores históricos

Antes da encenação da peça, foi realizada uma cerimônia para agradecer os apoiadores históricos do projeto, que sempre foram entusiasmados e, como afirmaram, já assistiram várias vezes e sempre há uma nova surpresa. E nesta edição, entraram nos diálogos os desmandos e descaminhos registrados na pandemia, como a compra de respiradores superfaturados e até a recomendação de remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.  

A resiliência do projeto de extensão é resultado da ação de pessoas que acreditam na importância dos resultados que a peça traz para avançarmos na educação fiscal da população enquanto sociedade.

(Foto/Silvia Calciolari)

Entre todos, estavam presentes o delegado da Receita Federal em Maringá, Marcos Wanderley de Souza; a vice-reitora da UEM, professora Giseli Mendes de Carvalho; o presidente do Observatório social de Maringá (OSM), Antônio Sérgio Longhini; a presidente da Associação dos Amigos do MUDI (AMUDI), Marisa Morales Penati; o professor e autor da peça, Marcílio Hubner de Miranda Neto; o coordenador do Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM, professor Doutor Celso Ivam Conegero; e a coordenadora Estadual do programa Nota Paraná, Marta Gambini, representando o delegado da Receita Estadual em Maringá, José Edilson Pacagnelli. Também esteve presente ao evento, Decio Rui Pialarissi, um dos fundadores, auditor-fiscal da Receita Federal aposentado e consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

(Foto/Silvia Calciolari)


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