350 pessoas lotam três bares de Maringá no Pint of Science 2025

Temas mobilizaram estudantes, profissionais e os apaixonados pelo conhecimento científico

De segunda a quarta desta semana, 19 a 21, ocorreu mais uma rodada do Pint of Science, o maior evento de ciência do mundo, que busca aproximar a ciência da sociedade de forma descontraída e acessível. Três bares de Maringá fizeram parte do festival e foram palco de palestras com temas bem atuais. A organização foi da Universidade Estadual de Maringá (UEM). 

Com o lema “Um Brinde à Ciência”, o Pint busca estabelecer um diálogo aberto e informal entre os cientistas e o público em geral, proporcionando uma experiência única e divertida. E foi isso que ocorreu em Maringá, começando na Hórus Cervejaria Artesanal. Os professores do Departamento de Tecnologia, do campus de Umuarama da UEM, Rodrigo Zunta Raia e Denise Silva de Aquino, desmitificaram a produção de diversos tipos de cerveja, na palestra “Do Grão ao Gole: Revelando os Segredos e Sabores da Cerveja Artesanal”. 

Os professores da Engenharia Química, Rodrigo Raia e Denise Aquino,  pormenorizaram a produção e os tipos de cerveja

O professor Rodrigo disse acreditar que esse tipo de evento aproxima as pessoas que não têm muito contato com a ciência a ver como o conhecimento científico contribui para a o dia a dia da sociedade de forma aplicada. E a dupla escolheu um tema que não sai, literalmente, da boca de muita gente: a cerveja, para ajudar a conquistar a plateia. 

“Eu acho que é um trabalho bem de formiguinha. Chegando mais perto das pessoas, fica mais fácil conquistá-las. Enfim, essas conversas são oportunidades de mudar a percepção das pessoas, com certeza”, declarou Raia.

Denise Aquino argumentou que, diferente da sala de aula, onde ela está acostumada a falar da parte técnica, no bar, é diferente, é mais interesse, quebra um bloqueio.

“Por exemplo, imagino que muita gente nunca se perguntou o que quer de uma cerveja?  Por que gosta de uma determinada cerveja? Tem gente que nem sabe que pode escolher. Tem um monte de opções. Aqui unimos ciência com prazer, né?  Então, eu acho que esse é o caminho, mudar a forma de ver a ciência talvez a partir do estímulo à curiosidade das pessoas”, aposta a professora.

Natureza em pauta

O clima de descontração continuou na terça-feira, no RedCor Cervejaria Fábrica Bar, durante a palestra “A Natureza é a solução”. Mãe e filha, a arquiteta Fernanda Maróstica, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá (IPPLAM), e a bióloga Lídia Maróstica, membro do Conselho Regional de Biologia do Paraná, deram dicas de como a natureza pode nos ajudar a enfrentar os desafios urbanos da atualidade. 

Filha e mãe falaram sobre a sabedoria da natureza

Para Fernanda, é muito importante divulgar esse tema ainda em crescimento no Brasil e fazer com que a comunidade em geral entenda a necessidade que temos de integrar a natureza ao nosso dia a dia. Ou seja, aprender a dar valor a elementos que temos no nosso cotidiano e que nem sempre prestamos atenção. 

“Para mim, foi uma experiência incrível, porque foi a primeira oportunidade que tive de dividir a palavra com a minha mãe e esse tema é extremamente desafiador. A natureza está no nosso DNA e faz parte da nossa construção como pessoas”, confessou a arquiteta. 

Lídia Maróstica resumiu que o desejo dela é que todos que estiveram no RedCor possam ter sido sensibilizados e entendido um pouco mais sobre a importância da natureza na nossa vida e que ela é a verdadeira portadora da felicidade. 

“A tecnologia, o conhecimento e a inteligência artificial são ótimas, mas a natureza é a que realmente proporciona a felicidade para nós. Falar sobre isso em um bar é uma oportunidade que achei muito interessante e descontraída, porque as pessoas concebem o assunto de uma forma muito mais natural. Isso dá uma sensação de pertencimento à natureza muito maior do que se fossemos discutir esse assunto de um jeito mais formal”, explicou a bióloga.

Pensando a quântica

Pensam que a animação diminuiu no fechamento do Pint 2025, em Maringá, na quarta-feira, dia 21? Não, os professores do Departamento de Física da UEM, Breno Ferraz de Oliveira e Ylla Grasielle dos Santos Alves deram um show, na palestra “Garçom, mais um quantum, por favor!”, realizada no Atari Bar.

Os físicos Ylla Alves e Breno de Oliveira apresentaram o mundo quântico das incertezas

Em primeiro lugar, a professora Ylla “definiu o mundo quântico como aquele que tenta descrever a mecânica das partículas subatômicas. Um mundo de probabilidades, que não consegue prever muita coisa, que você não consegue ter certeza de nada.  

“Eu acho que eu defino o mundo quântico como a vida, porque a vida a gente não tem certeza de nada. É um espelho do mundo contemporâneo, de fato. E, por isso, quando a gente traz essas questões para um ambiente descontraído percebe que quem está nos ouvindo deixa a imaginação fluir, e se abre para compreender o conteúdo melhor, né?  As pessoas têm coragem de fazer questionamentos que, às vezes, tem um certo receio de perguntar. Enfim, isso ajuda a expansão a mente por meio da descoberta de respostas para curiosidades”, aposta a física.

O professor Breno concorda que é mais fácil adentrar em um conteúdo “muito espinhoso, muito complexo”, em situações informais. 

“A gente tem que tentar, de várias formas, adequar nossas ideias e exemplos ao cotidiano das pessoas. O desafio grande é esse, pegar a teoria e colocar no cotidiano da pessoa para que ela possa ser capaz de entender.  E eu acho que depois da terceira cerveja, o pessoal aqui ainda vai entender melhor”, brinca o professor da UEM.

A plateia não discute com Breno. A pediatra Fabíola Lie Nishimoto disse que “curte” esse tipo de evento.  Sim, eu curto porque eu gosto de estudar e acho interessante ver as pessoas procurando a descontração do bar como alternativa para se informar. Vi que, realmente, as pessoas estão à procura de conhecimento. Eu acho que esta aqui é uma alternativa cultural excelente, que, infelizmente, aqui em Maringá, ocorreu muito pouco”, reclama a doutora, que marcou presença no primeiro e no último dia do Pint.

Maringá

A coordenadora do Pint de Maringá, Carla Pavanelli, lembra que mais de 30 pessoas, entre pós-graduandos, professores e técnicos da UEM, fizeram parte da organização do evento em Maringá. Para ela, a edição de 2025 foi um sucesso. Bares lotados para conversar sobre ciência em um ambiente informal e descontraído. 350 pessoas estiveram presentes nas três noites. 

Mais de 30 pessoas contribuíram com a organização nos três dias de evento

“Atingimos nosso objetivo! Nossa programação ainda comemorou os 10 anos do Pint of Science no Brasil. Maringá participa desde 2018. Ficamos de fora só em 2020 e 2021, devido à pandemia. Seguimos divulgando a ciência na nossa cidade, agradecemos a todos os que contribuíram para que este evento acontecesse e a quem prestigiou, e contamos com mais gente na próxima edição. Ano que vem tem mais”, anuncia Pavanelli.

O Pint of Science é organizado em Maringá pelo Programa de Pós-Graduação de Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA); pelo Núcleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia); e pelo Programa de Pró-Graduação em Biologia Comparada (PGB), todos vinculados ao Centro de Ciências Biológicas (CCB), da UEM. 

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