Neste período em que comemoramos a 21a Semana Nacional de Museus, vamos contar aqui o que o Museu Dinâmico Interdisciplinar, o Mudi, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), vem fazendo para estar cada vez mais perto do público. Uma destas aventuras é a participação na Expoingá, Feira Agropecuária de Maringá. Este ano, o evento ocorreu entre os dias 4 e 14 de maio.
Não podemos esquecer que a Semana Nacional de Museus é uma temporada cultural coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que acontece todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus – 18 de maio. Em 2023, ela acontece de 14 a 20 de maio. O objetivo é fazer crescer o número de visitantes dessas instituições no nosso país.
Uma das formas que o Mudi encontra para atrair novos “amigos” é ir até eles. Um evento que sempre frequenta é a Expoingá, que atrai milhares de visitantes todos os anos. Em 2023, durante onze dias o Museu participou ativamente da programação. Segundo estimativas, passaram pelo pavilhão em que ele estava montado cerca de 250 mil pessoas.
Uma das novidades este ano foi a exposição organizada pelo Agromuseu e o Mudi: Deuses e Santos da Agricultura – Parte I – Ceres e Perséfone. Trata-se de uma visão greco-romana para explicar as estações. Em especial, os períodos em que não se produz e aquele em que tudo floresce. De acordo com o curador da exposição, Marcílio Hubner de Miranda Neto, a equipe do Museu se inspirou em esculturas de Sara Massocco, uma artista plástica da Toscana, Itália, que fazem parte do acervo do Mudi. Na Expoingá, essas obras abriram o espaço de exposição, que também contou com atividades interativas, a partir de imagens projetadas e um vídeo com a narração da história do rapto de Perséfone por Hades, na voz da voluntária Marcia Capeletti.
Ainda segundo o professor Marcílio Hubner, “no mínimo trinta mil pessoas passaram pelo espaço e o impacto a gente avalia pelo depoimento delas. Tanto das pessoas mais leigas, quanto das com mais formação na área de arte visuais e artes plásticas. Eu sei que a gente não está no mesmo nível, mas uma mulher comentou sobre a maneira como foi contada a história da Ceres e da Perséfone e disse que se sentiu mais tocada do que quando foi na exposição do Van Gogh, em São Paulo. Isso é muito gratificante. Porque isso tudo é resultado de muito trabalho”.
Essa declaração foi reforçada pelo depoimento da estudante Milena Ito, estagiária de Comunicação, que disse que ficou “muito surpresa. As projeções me remeteram a grandes exposições interativas que vi em São Paulo e na internet. Então, ver isso em Maringá foi muito interessante. Além disso, é muito legal essa interação com a mitologia grega, que conta com histórias muito envolventes, o que enriqueceu ainda mais a experiência”.
Além da visão – Outro destaque do Mudi foi a instalação “Visão de raio X”. A proposta já é montada há mais de 15 anos, o objetivo é que as pessoas possam ter a ideia de como é composto o esqueleto de humanos e de animais, e como esse esqueleto é a base de sustentação para todos os tecidos do corpo e de fixação para os músculos que ajudam a produzir os movimentos. “Colocar o esqueleto de um cavalo puxando uma charrete e, ao mesmo tempo, os esqueletos humanos sobre ela, tem por objetivo fazer as pessoas olharem para os ossos que estão ali como estrutura de sustentação, mas que além disso são estruturas que ajudam dar forma, construir movimentos e expressões”, explicou o coordenador-geral do Mudi, Celso Conegero.
Segundo o professor, a inspiração vem do Super-Homem, personagem de histórias em quadrinhos e filmes, que possui como poder a visão de raio X. “Todo mundo que olha a exposição pode ser um Super-Homem ou uma Super-Mulher, porque é como se você estivesse olhando por meio de um aparelho de raio X, você não vê tecidos moles, apenas as estruturas ósseas”, completa Conegero.
As atrações do Mudi foram um sucesso na Feira. Flagramos uma adolescente, moradora de Lobato, conversando com um monitor, dizendo: “nunca fui ao Museu, mas já ouvi falar por meio de colegas. Tenho muito interesse em ir, porque me interesso pela área da física”. Um aluno do ensino fundamental, de seis anos, disse que “ficou satisfeito porque, no Mudi, pode ver animais e as coisas de antigamente”. E uma moradora do meio rural comemorou o fato de que “muitas pessoas que não têm contato com o campo podem conhecer muitos processos aqui nesse espaço, como a torra do café e, até mesmo, os animais que são comuns no sítio”.
O secretário do Museu da Bacia do Paraná da UEM, William Boeing, que dividiu o espaço com o Mudi, disse que não vê o museu como um lugar apenas de coisas velhas. “Acho que, desde cedo, minha visão sobre os museus foi formada de um jeito bem diferente, porque meu pai sempre me levou a vários deles quando eu era criança. Por isso, passei a enxergar esses ambientes como lugares que representam e preservam a história de uma parcela da sociedade. O Museu é lugar da nossa história e de ver o porquê as coisas são como são. No museu, temos muito a aprender tanto sobre o nosso passado quanto o presente. Algumas tendências dizem que podemos até ver nosso futuro!”
Elizabeth Custódio da Silva, funcionária UEM, declarou que o Mudi acaba com essa visão de que museu é lugar de coisas acumuladas e poeira. “É legal porque junta diversas áreas do conhecimento e vai além dessa ideia de lugar com coisas velhas. Levo sempre minha filha. Quando ela vai comigo à UEM, sempre quer ir lá.”
Balanço – Para a coordenadora de projetos do Mudi, Débora Sant’Ana, responsável pela logística do Mudi na Feira, o impacto foi muito positivo, porque a UEM “conseguiu chegar mais próximo da comunidade, expor um pouco do que tem dentro do campus da universidade, dentro do museu. Aqui é aberto para a população em geral e mostrar o que a universidade faz é sempre um impacto positivo, porque as pessoas começam a compreender o nosso papel para além do ensino de graduação, de pós-graduação. Como somos mais conhecidos”.
De acordo com a professora, nos onze dias de Feira, 250 mil pessoas passaram pelos estandes e espaços da UEM, o que significa a metade do público total do evento. Tanto no Agromuseu, quanto no Pavilhão Branco, na exposição propriamente dita.
Para Débora, essa iniciativa do Mudi se encaixa perfeitamente com o tema da Semana Nacional de Museus de 2023: “Museus, sustentabilidade e bem-estar”. O objetivo é lembrar que podemos contribuir para o bem-estar das pessoas de muitas maneiras, incluindo a promoção da saúde mental, a educação e a sensibilização ambiental, colocando em prática a proposta de três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): Saúde e Bem-Estar Global, Ação Climática e Vida na Terra.
Na Expoingá, fizemos tudo isso de uma maneira agradável, lúdica. Assim, desempenhamos um papel fundamental dos museus na formação e criação de futuros sustentáveis, por meio de ações educacionais, de nossas exposições e da divulgação científica de nossas pesquisas”, concluiu a professora Débora.
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