Estamos comemorando a 21ª Semana Nacional de Museus 2023, de 15 a 21 de maio. O evento é coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e acontece todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus — 18 de maio. Estão previstas mais de 3.500 atividades em todo o Brasil, entre oficinas, visitações, apresentações musicais e teatrais, muitas delas, que envolvem a participação ativa dos visitantes e muitos temas.
Uma boa parte dos museus ao redor do mundo busca que os seus espaços sejam ambientes interdisciplinares, abordando diferentes áreas do conhecimento, aproximando essas instituições do que é conhecido como museologia; isto é: o conjunto de conhecimentos científicos, técnicos e práticos que dizem respeito à conservação, classificação e apresentação dos acervos de museus.
A coordenadora de projetos do Museu Dinâmico Interdisciplinar, localizado na Universidade Estadual de Maringá (Mudi/UEM), Débora Sant’Ana, responsável pela logística do Museu em vários eventos externos, nos explica que “um museu pode ser temático, disciplinar ou pode ser de múltiplos temas, portanto, interdisciplinar ou multidisciplinar.
Um museu interdisciplinar é um museu que aborda diferentes áreas da ciência como, por exemplo, o Mudi, que reúne temas de física, de química, de biologia, de matemática, de sociologia, antropologia, entre outros. Então, por abordar assuntos de diferentes naturezas é considerado interdisciplinar”.
Interatividade – Além da interdisciplinaridade, os museus, especialmente os de ciências, estão cada vez mais interativos; isto é, vêm transformando o público de espectadores e contempladores em participantes ativos, atores que se relacionam e interagem com as obras. Essa interatividade interfere e modifica o modo de visão que a população tem em relação aos museus, tornando a troca de informações mais didática e acessível a todos os públicos, desde o idoso à criança.
Escultura deusa Ceres, da artista plástica Sara Massocco
Um exemplo de interatividade proposta por museus é a exposição “Deus e Santos da Agricultura — Parte I — Ceres e Perséfone”, montada pelo Mudi, na Feira Agropecuária de Maringá – Expoingá, em 2023. O curador do Museu, o professor Marcílio Hubner de Miranda Neto, conta que a exposição foi organizada em uma parceria entre o Mudi e o Agromuseu, gerenciado pela Sociedade Rural de Maringá, no espaço do Parque de Exposições Franciso Feio Ribeiro, onde acontece a Expoingá.
De acordo com Hubner, a exposição continha partes contemplativas e interativas. A temática Deuses e Santos da Agricultura surgiu porque o Mudi possui em seu acervo esculturas da Ceres e da Perséfones, doadas pela artista italiana Sara Massocco.
“Ceres e Perséfones são deusas da agricultura e da primavera e, este ano, o Agromuseu queria que a ExpoIngá incorporasse a cultura geral à programação. Assim, propusemos contar a história das estações do ano, por meio da Mitologia Greco-Romana, que fala sobre esse tema narrando o rapto de Perséfone pelo deus Hades, o que fez surgir um grande acordo entre moradores do Olimpo. Criamos a parte contemplativa com as esculturas da Ceres e Perséfones. Era uma instalação que as pessoas puderam, também, interagir, não tocando, mas tirando fotos etc. Criamos, também, uma caixa do infinito, na qual as pessoas podiam fazer selfie e fotos com a imagem da Ceres. Famílias inteiras se divertiram com isso. Então, além de aprender sobre mitologia, os visitantes também tiveram a oportunidade de fazer com que essas pessoas entendessem mesmo que de maneira não teórica e sim prática refletissem sobre o conceito de infinito. Criamos uma mistura de contemplação e interação”, explicou Marcílio Hubner.
O espaço também contou com um tapete de flores projetadas por meio de um equipamento especial; havia caixas sensoriais para que as pessoas pudessem descobrir por meio do tato a natureza de algumas espécies de grãos, “enfim, várias estratégias em que as pessoas podiam ir se dando conta de conceitos que são pensados pela ciência: pela anatomia, agronomia e, também, pela mitologia”, acrescentou o curador.
Em outras palavras, a interatividade se manifestou na proposta de Ceres e Perséfone levando as pessoas a experimentarem sensações além da visão, mas por meio do tato, da audição, ampliando, ainda a interdisciplinaridade do conteúdo; isto é, a multiplicidade de temas do conhecimento científico apresentados na instalação artística.
Em resumo, a professora Débora Sant’Ana lembra que “uma das características dos museus de ciências como o Mudi, além da integração de saberes, é a existência de formas de interação que possam proporcionar para o visitante uma maneira mais atrativa de interação com o acervo, por meio de aparatos que podem ser tocados, experimentados”.
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